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Por Vaas
Da Obvious Mag
Um mistério por resolver: Grigori Rasputin
A figura estrambólica de Rasputin, excessivo e temido, evoca, como nenhuma outra, a decadência e a queda dos czares da Rússia. Czar Nicolau e a sua esposa viram nele um salvador, mas os escândalos e excessos do temível Raputin não fizeram mais do que precipitar a queda do czarismo.
Oriundo dos confins da gélida Sibéria, aos 28 anos descobriu que o «abuso é o gozo da alma», quando lhe foi oferecida uma tareia por ter roubado meia dúzia de cavalos. Este foi um ponto de inflexão que mudou por completo o seu modo de estar na vida e direccionou a sua atenção para Cristo, convertendo-o numa pessoa nova, num homem de Deus. Chegou ao Palácio Real num momento em que os czares se encontravam profundamente fragilizados com a doença do seu filho e com as iminências de uma revolução à porta. Não demorou muito tempo para que aquele homem esperto e perspicaz tirasse partido dessa mesma debilidade, que soube tão bem conciliar com o seu aspecto sinistro e com as suas práticas e deambulações envoltas em misticismo.Na manhã de 19 de Dezembro de 1916, um corpo aparece entre os blocos de gelo do Rio Neva, em São Petersburgo. O cadáver pertencia a Rasputin, aquele que muitos consideravam ser um servo do Anti-Cristo, conhecido e temido em todos os quadrantes da Rússia. A notícia correu em minutos, para a aristocracia, para a burguesia, para o clero, para o exército, para os deputados da Duma: a morte do diabólico favorito dos czares era motivo de alívio. Já no Palácio de Inverno, a notícia foi recebida como tragédia, especialmente por Alexandra Fiodorovna, mulher do czar Nicolau II que governava a Rússia há já 22 anos. Alexandra acaba de perder o seu fiel conselheiro, em quem confiou cegamente para guiar a sua vida, a do Czar e a de toda a Rússia. Mas o pior é que a morte de Rasputin traz a ameaça duma previsão sinistra feita pelo próprio Raputin a Alexandra: «com a minha vida perecerá a dinastia».
Alexandra Fiodorovna e Grigori Rasputin (Wikicommons).
Nicolas II da Rússia por Iliya Repin (imagem esquerda) (Wikicommons).Nicolau e Jorge (imagem direita) (Wikicommons)
Protegido pela czarina, que o encarava como o tão desejado enviado de Deus, Rasputin aproveitou-se bem desse favoritismo para, rapidamente, chegar ao cargo de conselheiro de Estado. De tal modo se sentia protegido que tornou-se extremamente arrogante e foi abandonando a sua imagem de homem piedoso e asceta. Em 1910, foi até acusado de ter violado uma baby-sitter do herdeiro. O seu papel começou a ser questionado, dentro e fora do palácio, e a sua figura saltou para as luzes críticas da ribalta. Em 1911, Grigori havia conseguido enfrentar todo o mundo: as suas influências tinham interferido com todo o tipo de interesses (burguesia, Igreja, exército, aristocracia) e era acusado de ser a encarnação do diabo. Mas a czarina mantinha-se surda às informações sobre o seu protegido, agora um assíduo cliente de bares e bordéis.A perseguição a Rasputin chegou mesmo às ameaças de morte. Em 1914, estas foram consumadas pelo punho de uma prostituta enviada por Iliodor, um monge anti-semita Russo a que muitos chamavam «Savonarola Russo». Porém, Rasputin sobreviveu.
Depois de a Rússia entrar para a Primeira Grande Guerra, as acusações de nepotismo foram chegando, sobretudo da Duma. E, desta vez, com mais força que nunca. Em 1916, um deputado monárquico, Vladimir Purishkievich, acusou a própria czarina e alertou para o facto de os vários ministros serem verdadeiras marionetas movidas pelas sinistras mãos de Rasputin, o génio perservo da Rússia e do czar. Nesta altura, já a revolução comunista de Fevereiro de 1917 estava ao virar da esquina.A morte desta mítica figura permanece, também ela, um mistério. Depois de frustrada uma tentativa de envenenamento que, estranhamente, não surtiu qualquer efeito, o príncipe Félix Yusupov viu-se obrigado a disparar um tiro que acabou por matá-lo. De seguida, atirou-o, de mãos atadas, para o Rio Neva e parece que o mago fingiu estar morto (!): submergiu,lutando contra as cordas que prendiam as suas mãos. Quando resgataram o corpo, no dia seguinte, os braços estavam soltos e há até quem diga que o asceta tinha sido castrado. É mais uma fábula que rodeia esta mítica figura..."
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