BOB FERNANDES

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Um ano de intenso debate sobre corrupção. Para que se chegasse à dimensão real do problema, tivemos esse patético desfecho da CPI do Cachoeira. Militantes fanáticos, ou desocupados, vão discutir, vão apontar os dedos, acusando-se mutuamente. Mas isso, esse bate-boca vazio, é sintoma de um processo, mais amplo, de apequenamento da Política.
O desfecho da CPI mostra camadas superpostas de hipocrisia, cinismo, oportunismo… mas também de verdades. Se fosse pra valer, a CPI não deixaria pedra sobre pedra na política brasileira. Sem exceções nos grandes partidos. O resto é conversa para fundamentalistas.
A empreiteira Delta estendeu seus tentáculos por mais de vinte Estados. É razoável supor que a Delta usou os métodos de sempre, mas a CPI teve medo de investigar. A Delta teve como parceiros, por exemplo, o bicheiro Cachoeira e o ex-senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Todos se lembram do Demóstenes, não é? Ele foi, por anos, promotor e porta-voz da oposição no quesito honestidade.
A Delta, a partir do Rio de Janeiro, teria que ter investigado o governador Sérgio Cabral, do PMDB. Aquele dos guardanapos em Paris, grande amigo de Fernando Cavendish, o dono da Delta nestes anos dourados. A CPI teria que ter vasculhado pra valer não só o governo de Brasília, de Agnelo Queiroz, do PT. Mas outros governos do partido que tiveram obras e negócios com a empreiteira.
A CPI teria que ter investigado não apenas o governo de Marconi Perillo, do PSDB de Goiás. O que disse, a propósito de PSDB, o Paulo Vieira de Souza, conhecido como "Paulo Preto"?
Ex-diretor do Dnit em São Paulo, no governo do tucano José Serra, Paulo Vieira perguntou, com todas as letras, quando a CPI ainda se arrastava:
- Por que a CPI proibiu a abertura das contas do eixo Rio-São Paulo e só vai poder ter Brasília e Goiás?
O mesmo Paulo Vieira de Souza respondeu, em longa conversa com a revista Piauí:
- Porque se abrir (essas contas), cai o Brasil.
Por que o silêncio geral, incluídos mídia e Ministério Público, diante de tão óbvia e grave acusação sobre tais contas? Por que se escuta e se reverbera nas manchetes o que uns dizem, e se silencia diante do que outros, como Paulo Vieira de Souza, denunciam?
O acordão que enterrou a CPI do Cachoeira tem algumas das respostas para isso nas suas digitais. No acordão, em separado ou tudo junto e misturado, estão o PT, o PSDB e o PMDB.
De quase todos os pontos de vista, o sistema político-partidário no Brasil caminha para a falência. Falta eficácia, transparência, seriedade… Nesse espectro, mas não apenas nesse, falta autoridade moral para, com hegemonia, pontificar-se sobre corrupção.
Ou se enfrenta esse problema com seriedade, e coragem, ou seguiremos produzindo farsas. Como essa CPI do Cachoeira.
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Um ano de intenso debate sobre corrupção. Para que se chegasse à dimensão real do problema, tivemos esse patético desfecho da CPI do Cachoeira. Militantes fanáticos, ou desocupados, vão discutir, vão apontar os dedos, acusando-se mutuamente. Mas isso, esse bate-boca vazio, é sintoma de um processo, mais amplo, de apequenamento da Política.
O desfecho da CPI mostra camadas superpostas de hipocrisia, cinismo, oportunismo… mas também de verdades. Se fosse pra valer, a CPI não deixaria pedra sobre pedra na política brasileira. Sem exceções nos grandes partidos. O resto é conversa para fundamentalistas.
A empreiteira Delta estendeu seus tentáculos por mais de vinte Estados. É razoável supor que a Delta usou os métodos de sempre, mas a CPI teve medo de investigar. A Delta teve como parceiros, por exemplo, o bicheiro Cachoeira e o ex-senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Todos se lembram do Demóstenes, não é? Ele foi, por anos, promotor e porta-voz da oposição no quesito honestidade.
A Delta, a partir do Rio de Janeiro, teria que ter investigado o governador Sérgio Cabral, do PMDB. Aquele dos guardanapos em Paris, grande amigo de Fernando Cavendish, o dono da Delta nestes anos dourados. A CPI teria que ter vasculhado pra valer não só o governo de Brasília, de Agnelo Queiroz, do PT. Mas outros governos do partido que tiveram obras e negócios com a empreiteira.
A CPI teria que ter investigado não apenas o governo de Marconi Perillo, do PSDB de Goiás. O que disse, a propósito de PSDB, o Paulo Vieira de Souza, conhecido como "Paulo Preto"?
Ex-diretor do Dnit em São Paulo, no governo do tucano José Serra, Paulo Vieira perguntou, com todas as letras, quando a CPI ainda se arrastava:
- Por que a CPI proibiu a abertura das contas do eixo Rio-São Paulo e só vai poder ter Brasília e Goiás?
O mesmo Paulo Vieira de Souza respondeu, em longa conversa com a revista Piauí:
- Porque se abrir (essas contas), cai o Brasil.
Por que o silêncio geral, incluídos mídia e Ministério Público, diante de tão óbvia e grave acusação sobre tais contas? Por que se escuta e se reverbera nas manchetes o que uns dizem, e se silencia diante do que outros, como Paulo Vieira de Souza, denunciam?
O acordão que enterrou a CPI do Cachoeira tem algumas das respostas para isso nas suas digitais. No acordão, em separado ou tudo junto e misturado, estão o PT, o PSDB e o PMDB.
De quase todos os pontos de vista, o sistema político-partidário no Brasil caminha para a falência. Falta eficácia, transparência, seriedade… Nesse espectro, mas não apenas nesse, falta autoridade moral para, com hegemonia, pontificar-se sobre corrupção.
Ou se enfrenta esse problema com seriedade, e coragem, ou seguiremos produzindo farsas. Como essa CPI do Cachoeira.
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