O PROVOCADOR

cachoeira nota CPI do Cachoeira: pior do que está, fica

Essa CPI do Cachoeira vai entrar como um robusto verbete na Enciclopédia da Vergonha Brasileira. Não vai dar em nada, mas diz tudo sobre o que há de pior nos costumes políticos deste País. À direita e à esquerda.

Desde o início dos trabalhos, as denúncias ocuparam as manchetes da grande mídia sempre que atingia o Partido dos Trabalhadores. Quando as acusações miravam o tucanato, ficavam restritas às notas de rodapé. E quando surgiu o nome do jornalista da revista Veja, em Brasília, Policarpo Júnior, o silêncio imperou de forma indecente e criminosa.

Na semana em que Carlinhos Cachoeira é condenado (e imediatamente posto em liberdade, vejam só), o deputado Odair Cunha (PT) tentou apresentar no Congresso o relatório final da CPI. Em vão.

Mais por suas (poucas) qualidades do que por seus (muitos) defeitos, as conclusões finais do parlamentar sofreram um bombardeia atroz. Pulularam reportagens e editoriais indignados. A ordem unida dos tubarões da imprensa foi tão indecorosa que soou como confissão de culpa involuntária.

Se, por um lado, o texto do relator isenta (burramente, do ponto de vista estratégico) o governador petista Agnelo Queiroz, por outro, chafurda todos os dedos nas feridas do tráfico de influência que transborda nos esgotos da política tupiniquim.

É inexplicável a ausência de citação à construtora Delta, braço financeiro das operações ilegais, assim como são excessivas as acusações ao mais do que acusável governador Marcelo Perillo (PSDB).

Pelo recuo assustado do relator, dá para imaginar o tamanho do acerto de bastidores em curso. Calendas. Será uma derrota memorável. Azar nosso.

Irônico é lembrar a teoria do domínio do fato celebrizado no Supremo Tribunal Federal para legitimar as condenações do chamado mensalão petista. Caberia perguntar se é “razoável” imaginar que o procurador Roberto Gurgel (também citado no relatório) pudesse ignorar o lamaçal que envolvia o bicheiro mais ilustre da República.

Ou alguém acredita que, tendo acesso às investigações da Polícia Federal, ele não sabia de nada? E o Policarpo, então?! Se o que ele fez não é troca de favores e associação ao crime organizado, é preciso reescrever o Código Penal.

Tudo indica que aos brasileiros honestos só restarão as lamúrias. Quando a incompetência se une ao banditismo, as coisas não ficam como estão: pioram.

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