RTP

O furacão que vota por Obama
Justin Lane, Epa

Entre um número de mortos que sobe, transportes que é preciso repor em movimento, danos materiais incalculáveis - o presidente norte-americano cancela numerosos compromissos da agenda eleitoral. A forma de ganhar votos é, agora, outra e qualquer visita a zonas sinistradas traz a Barack Obama mais réditos políticos do que a mensagem eleitoral pura e dura.

O balanço do número de mortes causadas pela passagem do furacão Sandy vai agora em quatro dezenas e os prejuízos cifram-se, segundo uma primeira estimativa das companhias de seguros, em muitos milhares de milhões de dólares. Há também os prejuízos que não interessam às seguradoras, por nao estarem cobertos por qualquer apólice, e que ficam portanto além desses cálculos.

Com as linhas de alta tensão cortadas por árvores que o furacão derrubou, estima-se em 8 milhões o número de famílias ou empresas que ficou sem eletricidade. Especialmente devastadores foram os efeitos sobre os transportes públicos - o metro de Nova Iorque inundado, autocarros e barcos da travessia do rio Hudson paralisados, para evitar danos pessoais. E o Sandy segue para Norte, deixando atrás de si um rasto de destruição.

Tudo isto sucede a seis dias da eleição presidencial. Mas para o presidente em exercício não há que hesitar. A agenda de campanha de Obama, planeada meticulosamente e com grande antecedência, deve agora dar lugar ao papel, bem mais popular, de bombeiro supremo do país. E assim fez cancelar todos os seus compromissos para hoje, quarta feira.

Especialmente sintomáticos são os efeitos políticos obtidos com este hábil golpe de rins num baluarte do voto republicano - a cidade de New Jersey, tal como Nova Iorque violentamente atingida pelo furacão, com 2,4 milhões de pessoas sem eletricidade.

O seu governador, Chris Christie, era considerado um dos pilares da campanha de Romney mas, de súbito, já só parece interessar-lhe a visita que o presidente prometeu para hoje e que substitui os outros comícios previstos para o seu dia de campanha. E, por todo o lado, em toda a imprensa e em todas as redes sociais, Christie desdobra-se em louvores ao apoio que tem recebido da Casa Branca para debelar os efeitos da catástrofe.

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