Quem Tem Medo da Democracia?
Por Rui Martins(*), de Genebra

Uma rosa é erguida em frente à Bastilha em comemoração à vitória
 socialista na França. Foto: AFP

Oitenta mil pessoas comemoram desde o começo da noite, na praça da Bastilha em Paris, numa festa que deverá entrar pela madrugada, a vitória do socialista François Hollande, novo presidente da França, eleito com 51,62% dos votos.

Enquanto isso, o presidente eleito viajava de Tulle, departamento da Corrèze, em avião para o aeroporto Le Bourget, perto de Paris. Logo depois de desembarcar, François Hollande se dirigiu à festa popular da praça simbólica da Bastilha, no começo da madrugada, onde deverá fazer novo discurso.

O clima de festa popular, do qual participam jovens na grande maioria, tomou conta da praça principal das principais cidades francesas. Logo depois de confirmada a vitória socialista, a chanceler alemã Angela Merkel telefonou a François Hollande para cumprimentá-lo e convidá-lo para ir a Berlim, onde sua proposta de se promover o crescimento e não só aplicar a austeridade parece ser levada agora a sério.

Lionel Jospin, ex-primeiro-ministro socialista na coabitação com o presidente Chirac, afirmou na televisão francesa, que um traço importante do novo presidente é ser voltado para as pessoas, e não ser um megalômano.

Isso praticamente se pôde ver, logo depois de seu discurso em Tulle, na Corrèze, e de acordeonistas tocarem a conhecida melodia, La Vie en Rose, quando Hollande se misturava com o povo (e nisso lembra muito o ex-presidente Lula) e não mostrava nenhuma vontade, para desespero de seus seguranças, de partir para o aeroporto. O mesmo ocorreu no aeroporto, quando já próximo do avião, ao ver populares que o aplaudiam do lado de fora, retornou e foi saudá-los.

O discurso de vitória de Hollande, ainda em Tulle, não foi marcado pelo triunfalismo, mas de sobriedade diante da difícil tarefa que o espera. Tão logo termine a festa da vitória, os socialistas terão pela frente a necessidade de conquistarem a maioria absoluta nas próximas eleições legislativas, sem o que não será possível concretizar seu programa.

François Hollande deverá nomear nos próximos dias seu primeiro-ministro, encarregado da campanha das legislativas.

Numa entrevista para a televisão, Hollande afirmou que manterá apenas a segurança necessária como presidente, que não deixará de ter contatos com o povo.

*Rui Martins é jornalista e colabora com o “Quem tem medo da democracia?“, onde mantém a coluna “Estado do Emigrante“.

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