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Em 3 de outubro de 1849, o escritor Edgar Allan Poe, um dos inventores das histórias policiais e de terror, foi encontrado pela ruas de Baltimore (EUA) com roupas que não eram dele, delirando. Foi levado então para o Washington College Hospital, onde morreu apenas quatro dias depois. O episódio nunca foi inteiramente esclarecido, assim como a causa da morte.
São exatamente os últimos dias do escritor o contexto de O corvo, filme do australiano James McTeigue. Poe (John Cusack) é convocado pelo detetive Emmett Fields (Luke Evans) para ajudar a identificar e prender um serial killer que comete assassinatos inspirados nos livros dele. A situação se complica quando a noiva do escritor, Emily (Alice Eve), é raptada.
Trata-se de um filme de equipe: roteiro esperto, boa fotografia, atores competentes, direção de arte discreta e elegante, montagem com ritmo envolvente. Tudo orquestrado por James McTeigue. O resultado é uma obra divertida, engenhosa, que prende o espectador ao que acontece na tela.
A habilidade dos realizadores começa por fazer conviver história romântica com filme de terror, as duas bandas sem excesso, fortalecendo-se mutuamente e com algum humor. Imerso em clima gótico (há quem considere Poe um romântico noir), o espectador tanto experimenta o charme de galanteios literários do século 19, quanto algum pavor bem contemporâneo. E nesse sentido é surpreendente como, às vezes, só a descrição das violências praticadas pelos personagens de Edgard Allan Poe é impressionante (apenas um famoso crime com pêndulo, ícone universal da obra do escritor, é detalhado e, mesmo já visto em outros filmes, continua deixando os espectadores aterrorizados).
Não é filme em que o fundamental é descobrir quem é o assassino (ainda que isso deixe intrigado o espectador). O essencial é o talento do escritor cuja fama de genial é proporcional à de temperamental. Que mergulha em fantasias mórbidas, que são alegorias da vaidade, paixão, do intelecto, do gosto por sangue do ser humano etc.
E é exatamente o capricho do filme que deixa, às vezes, a sensação de que James McTeigue poderia ir mais longe. Seja tendo maior distanciamento dos clichês ou aprofundando o que ele faz muito bem (como o suspense, por exemplo). Mas a opção dele é pelo equilíbrio, sem forçar nada. O que não deixa de ser um mérito.
"Queria contar uma história sobre Poe que provocasse no público o desejo de saber mais sobre ele e de ler seus livros", disse o diretor em entrevista recente. "Ele é um personagem fascinante, seus trabalhos são extraordinários. Se eu conseguir fazer um filme popular que leve as pessoas a se aproximar da obra dele, só isso será formidável", afirmou.
Trabalhando na produção ele descobriu “um homem multifacetado”: “Que estava casado com a prima de 13 anos, perseguia as mulheres permanentemente, era alcoólatra e consumia ópio. Mas também era um escritor brilhante, com destaque na ficção científica, nas histórias de detetives e na crítica literária. Era um personagem muito estranho, que parecia ter 40 vidas comprimidas em apenas uma”, observou.
James McTeigue tem 45 anos e é australiano. Dirigiu V de vingança e Ninja assassino. Foi o primeiro assistente de direção de Matrix e de Matrix reloaded, dos irmãos Andy e Lana Wachowski.
Do Estado de Minas
Imagem: Paris Filmes/Divulgação
Em 3 de outubro de 1849, o escritor Edgar Allan Poe, um dos inventores das histórias policiais e de terror, foi encontrado pela ruas de Baltimore (EUA) com roupas que não eram dele, delirando. Foi levado então para o Washington College Hospital, onde morreu apenas quatro dias depois. O episódio nunca foi inteiramente esclarecido, assim como a causa da morte.
São exatamente os últimos dias do escritor o contexto de O corvo, filme do australiano James McTeigue. Poe (John Cusack) é convocado pelo detetive Emmett Fields (Luke Evans) para ajudar a identificar e prender um serial killer que comete assassinatos inspirados nos livros dele. A situação se complica quando a noiva do escritor, Emily (Alice Eve), é raptada.
Trata-se de um filme de equipe: roteiro esperto, boa fotografia, atores competentes, direção de arte discreta e elegante, montagem com ritmo envolvente. Tudo orquestrado por James McTeigue. O resultado é uma obra divertida, engenhosa, que prende o espectador ao que acontece na tela.
A habilidade dos realizadores começa por fazer conviver história romântica com filme de terror, as duas bandas sem excesso, fortalecendo-se mutuamente e com algum humor. Imerso em clima gótico (há quem considere Poe um romântico noir), o espectador tanto experimenta o charme de galanteios literários do século 19, quanto algum pavor bem contemporâneo. E nesse sentido é surpreendente como, às vezes, só a descrição das violências praticadas pelos personagens de Edgard Allan Poe é impressionante (apenas um famoso crime com pêndulo, ícone universal da obra do escritor, é detalhado e, mesmo já visto em outros filmes, continua deixando os espectadores aterrorizados).
Não é filme em que o fundamental é descobrir quem é o assassino (ainda que isso deixe intrigado o espectador). O essencial é o talento do escritor cuja fama de genial é proporcional à de temperamental. Que mergulha em fantasias mórbidas, que são alegorias da vaidade, paixão, do intelecto, do gosto por sangue do ser humano etc.
E é exatamente o capricho do filme que deixa, às vezes, a sensação de que James McTeigue poderia ir mais longe. Seja tendo maior distanciamento dos clichês ou aprofundando o que ele faz muito bem (como o suspense, por exemplo). Mas a opção dele é pelo equilíbrio, sem forçar nada. O que não deixa de ser um mérito.
"Queria contar uma história sobre Poe que provocasse no público o desejo de saber mais sobre ele e de ler seus livros", disse o diretor em entrevista recente. "Ele é um personagem fascinante, seus trabalhos são extraordinários. Se eu conseguir fazer um filme popular que leve as pessoas a se aproximar da obra dele, só isso será formidável", afirmou.
Trabalhando na produção ele descobriu “um homem multifacetado”: “Que estava casado com a prima de 13 anos, perseguia as mulheres permanentemente, era alcoólatra e consumia ópio. Mas também era um escritor brilhante, com destaque na ficção científica, nas histórias de detetives e na crítica literária. Era um personagem muito estranho, que parecia ter 40 vidas comprimidas em apenas uma”, observou.
James McTeigue tem 45 anos e é australiano. Dirigiu V de vingança e Ninja assassino. Foi o primeiro assistente de direção de Matrix e de Matrix reloaded, dos irmãos Andy e Lana Wachowski.
Do Estado de Minas
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