NÁUFRAGO DA UTOPIA



Deu na coluna Panorama Político, do jornal O Globo:

"Comissão da Verdade - O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), por delegação da presidente Dilma, está fazendo consultas e convites para os sete integrantes da Comissão da Verdade. Já estão confirmados o ex-ministro Nilmário Miranda e o cardeal Dom Evaristo Arns. A comissão terá um tucano: José Gregori ou Paulo Sérgio Pinheiro. E um familiar de vítima da repressão pela ditadura militar: Clarisse Herzog, mulher de Wladimir Herzog, ou Vera Lucia Facciolla Paiva, filha do ex-deputado Rubens Paiva.

Nomeação sai até o final do mês - A presidente Dilma chegou a esses nomes depois de receber indicações dos ministros Maria do Rosário (Direitos Humanos), José Eduardo Cardozo (Justiça) e 50 sugestões de familiares de vítimas. Ela também ouviu o ex-presidente Lula e seu ex-marido Carlos Araújo. Estão ainda em aberto as vagas destinadas a um historiador e a um jurista. O advogado Márcio Thomaz Bastos jogou sua indicação pela janela ao assumir a defesa do contraventor Carlos Cachoeira. O sétimo nome será escolha pessoal da presidente Dilma".

Reitero minha afirmação de que é inconcebível e inaceitável o veto a quem pegou em armas contra a ditadura.


Trata-se uma imposição das bancadas reacionárias do Congresso e está mais do que na hora de a presidente Dilma Rousseff mostrar a que veio.

Não faria mesmo sentido nenhum um Jarbas Passarinho ou um Brilhante Ustra vir defender os crimes em que estiveram envolvidos.

Faz todo sentido um Ivan Seixas estar presente para lutar pelo resgate integral da verdade, como lutou encarniçadamente para resgatar as ossadas de Perus.

Se nós, que participamos da luta armada, formos tidos como desprovidos de legitimidade e isenção para ajudarmos a revelar a história do período, tal objeção deverá ser estendida à própria escolha dos sete integrantes por parte da companheira Vanda. É simples assim.

O que está em confronto são duas posições:

a dos que resistimos à tirania e consideramos uma falácia e um insulto a comparação da luta quase suicida que travamos, em condições de extrema inferioridade de forças, com o genocídio e as atrocidades perpetrados pela ditadura e seus esbirros;
a dos culpados por tais genocídio e atrocidades, que tentam relativizar tudo como "excessos cometidos pelos dois lados", igualando algozes e vítimas.

Endossando esta infamia, presidente Dilma, a senhora se colocará também na condição de quem cometeu excessos e não merece confiança. É assim que se vê?

Comentário(s)

Postagem Anterior Próxima Postagem


Livros em Oferta

Confira e surpreenda-se com os preços extremamente baixos