Diário do Grande ABC


Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC


Os quatro maiores bancos privados entraram no escorregador dos juros. Ontem, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander anunciaram reduções nas taxas ao consumidor. HSBC corrigiu sua tabela na semana passada. E contrariando a expectativas de muitos especialistas, o G-6 (grupo dos seis maiores bancos) está formado, considerando os pioneiros nas quedas, Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil.

A questão é se os consumidores terão, realmente, taxas mais baixas em algumas modalidades que tiveram ajuste. Os novos juros, na maioria das linhas do G-6 que tiveram redução, só valem para novas operações. A conversão não é automática para empréstimos em andamento. É necessária a renegociação. Neste caso, os bancos iniciam novo contrato de crédito, o que dá direito ao cliente tentar as taxas.

"Para quem já tem um financiamento, a tentativa de renegociação não será tão simples", avaliou o professor de Finanças Mário Amigo, que ministra aulas na Fipecafi, Fipe, Saint Paul Escola de Negócios e é consultor da PPS.

Ele disse que existe a chance de os consumidores enfrentarem dificuldades para conseguir renegociações. E até mesmo taxas de juros próximas às mínimas anunciadas pelas instituições financeiras. Isso pode ocorrer pela característica agressiva de metas e lucros que os bancos têm, principalmente aqueles de capital aberto. Reduções de juros nas operações podem acarretar diminuições nos resultados das instituições. "Acredito que haverá muita engenharia financeira daqui para frente", opinou o especialista.

As melhores condições que os bancos oferecem são para clientes com alto nível de relacionamento. É necessário, por exemplo, receber o salário pela instituição, ter bom histórico financeiro ou aderir a pacote de serviços, como ocorre, por exemplo, no Banco do Brasil.

O Itaú Unibanco informou que não tinha porta-voz para falar sobre como os clientes devem proceder para conseguir um refinanciamento com as novas taxas.

O HSBC explicou que "sobre as taxas que tiveram redução de juros, o HSBC informa que os juros de renegociação da dívida são distintos das taxas de contratações, variando também em função do perfil do cliente".

O Bradesco e a Caixa Econômica Federal não responderam até o fechamento desta edição. A equipe do Diário não questionou o Santander sobre renegociações tendo em vista que o banco apresentou redução apenas no cheque especial, para 4% ao mês, ao cliente com conta-corrente salário.

SISTEMA - O Banco do Brasil informou que seu sistema está preparado para atender imediatamente os pedidos de renegociação. "O cliente que tem empréstimo ou financiamento vigente e optar por reduzir a taxa terá que comparecer em sua agência de relacionamento para efetivar a adesão ao programa Bompratodos, e já é possível renovar a operação com a nova taxa no mesmo dia", afirmou a instituição, que disse ainda que o mesmo ocorrerá com os detentores de empréstimos consignados.

NOVIDADES - O Bradesco anunciou ontem reduções em suas linhas para o consumidor. A taxa mínima no financiamento de veículos passou de 1,35% ao mês para 0,97%. No crédito pessoal o decréscimo foi de 2,66% para 1,97%. O custo mínimo do crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) diminuiu de 1,32% para 0,90%. E o CDC (Crédito Direto ao Consumidor) para aquisição de bens baixou de 3,54% para 2,97%. O rotativo do cartão de crédito emitidos em parcerias com redes de varejo, com liquidação em até 24 meses, terá a menor taxa mínima entre os seis bancos, de 2,49% ao mês.

O Itaú Unibanco lançou pacote de reduções, mediante a conta-corrente salário, com taxas mínimas para o cheque especial de 1,95%, 3,85% ao rotativo do plástico. Porém todos os clientes do banco terão a chance de negociar juros a partir de 0,99% no financiamento de veículos e 0,89% no consignado INSS. As reduções das duas instituições terão início na segunda-feira.



Instituições públicas têm acréscimo na base de clientes

O Banco do Brasil teve 39.198 adesões ao pacote Bompratodos nos três primeiros dias de campanha de reduções de juros.

Segundo a instituição financeira pública, somente na quinta-feira, sexta-feira e segunda-feira, a maior expansão nas concessões ocorreu na linha BB Crediário, de 112% em relação a março. A média diária de desembolsos atingiu R$ 842 mil, tendo em vista que a linha é de CDC (Crédito Direto ao Consumidor) de bens.

Nos financiamentos de veículos, a média diária de desembolso atingiu R$ 19,7 milhões. O valor representa alta de 79% sobre o resultado de março. A instituição financeira informou que ainda não fechou o balanço no Grande ABC sobre as operações com novas taxas de juros.

A Caixa Econômica Federal também elevou seus resultados. O banco informou que a base dos clientes pessoas físicas expandiu 11% em uma semana e as concessões de crédito para esse grupo subiu 17% ante a semana anterior à redução das taxas.

Comentário(s)

أحدث أقدم


Livros em Oferta

Confira e surpreenda-se com os preços extremamente baixos