do Esquerda.Net
A mobilização do fim de semana passado contra o Acordo Comercial Anticontrafação, acusado de ameaçar a liberdade na internet, resultou em declarações bombásticas do líder do maior grupo parlamentar europeu. "O ACTA acabou", disse o francês Joseph Daul, embora o PPE já tenha vindo suavizar as suas palavras. Esta quarta-feira, mais dois países retiraram o apoio ao ACTA.
Protestos contra o ACTA estão a enfraquecer as hipóteses do
acordo passar no Parlamento Europeu. Foto Paulete Matos
O primeiro-ministro polaco prefere confessar que o seu governo fez "insuficientes consultas antes de assinar" o ACTA, enquanto o ministro dos Negócios Estrangeiros da Eslovénia já veio pedir desculpas por ter assinado um acordo "que limita em especial o futuro das nossas crianças". O ministro da Justiça lituano preferiu comentar no seu blogue: "Não sei de onde veio ou como teve origem, mas não gosto que este tratado tenha sido assinado evitando habilmente a discussão na UE e na Lituânia".
Numa nota à imprensa, o Partido Popular Europeu cita agora o seu líder parlamentar dando as boas vindas ao objetivo do "ACTA, que permite à Europa combater os produtos falsificados" e sublinha que os deputados do grupo - que inclui o PSD e o CDS e que deu luz verde ao processo de ratificação do ACTA em novembro de 2010 - "querem defender uma internet livre" e irão "ter em consideração as preocupações sobre possíveis restrições à internet".
Mas as palavras de Joseph Daul à saída de um encontro com jornalistas em Estrasburgo na terça-feira serão recordadas muitas vezes no decorrer do processo. Foi ali que o líder parlamentar da direita europeia disse que "o ACTA acabou", referindo-se ao tamanho inesperado dos protestos que percorreram a Europa no sábado passado. Mais declarações críticas foram dadas pelo presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, a jornalistas alemães. Schulz disse que "o acordo tal como está não é bom" e que o ACTA contém um equilíbrio "muito inadequado" entre a proteção de direitos de autor e os direitos individuais na internet.
Também a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) pediu ao Parlamento Europeu que reavalie as condições propostas no ACTA. "Preocupa-me que o acordo atual do ACTA possa ter efeitos prejudiciais para a liberdade de expressão e a livre circulação de informação na era digital", declarou Dunja Mijatovic, representante para a liberdade de imprensa naquela entidade.
"Os copyrights internacionais foram adotados há um século, numa altura em que era a eletricidade que começava a chegar às primeiras casas europeias, não a banda larga. Estas taxas não são adequadas aos dias da era digital em que vivemos, com a capacidade de partilhar a informação além-fronteiras", acrescenta a carta da OSCE ao Parlamento Europeu, onde decorre o processo legislativo que culminará na votação em junho.
Uma nova mobilização internacional está agendada para dia 25 de fevereiro e para já conta com a participação de sete cidades na França, Alemanha, Roménia, Áustria, Holanda, Suécia e Dinamarca.
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