do DW.DE
MUNDO Especialistas alertam para risco de conflito real entre Israel e Irã |
Distinguir os limites entre guerra psicológica e planos reais do governo israelense de atacar o Irã é uma tarefa difícil. Especialistas acreditam na possibilidade de um ataque e alertam para o risco de um conflito real.
O Irã já movimentou tropas em terra e ameaça com retaliações, caso Israel ataque mesmo o país. O presidente norte-americano, Barack Obama, tentou acalmar os ânimos: "Não acredito que Israel já tenha tomado uma decisão", disse ele no último domingo (05/02), na tentativa de encontrar uma solução diplomática para o conflito entre os dois países.
Mahmud Ahmadinejad |
"O secretário de Defesa dispõe de fontes melhores do que eu", acrescentou Bergman. O jornalista parte do princípio de que o programa nuclear iraniano vá, nos próximos nove meses, chegar ao ponto de se tornar "imune" a ataques. Com isso, aumentaria a pressão de uma decisão em breve a respeito. Pois, para o governo israelense, o armamento nuclear do arqui-inimigo é um pesadelo em termos de política de segurança.
Os líderes iranianos conclamam regularmente a destruição do que chamam "complexo sionista", despertando em Israel temores de um novo Holocausto. Além disso, Teerã apoia abertamente grupos radicais islâmicos, como o Hisbolá. Bergman cita o ministro israelense da Defesa, Ehud Barak, em suas afirmações de que um Irã com armas nucleares poderia "limitar definitivamente nosso leque de operações" no combate aos grupos radicais.
Temores iranianos
Leon Panetta eEhud Barak em Tel Aviv |
Além disso, ficou claro, no Afeganistão e no Iraque, como os países da região são indefesos contra a pressão de invasões do Ocidente. "Um paralelo interessante percebe-se também no caso da Líbia", diz Riedel. "Kadafi abdicou de seu programa de armas nucleares e se tornou, assim, impotente quando a Otan decidiu pelo bloqueio do espaço aéreo do país", completa o especialista. Ele duvida, contudo, que qualquer espécie de sanção, não importa o quão severa seja, possa levar o Irã a desistir de seu programa nuclear.
Em Israel, as esperanças de que sanções aplicadas ao Irã possam mudar a conduta do governo neste sentido estão também acabando. Por isso, discute-se há meses a respeito dos prós e contras de um ataque militar. "A elite está também dividida", diz Gabriel Ben-Dor, diretor do Centro de Segurança Nacional em Haifa. "Não se trata nem de uma divisão entre políticos e militares. A divergência de opiniões perpassa os dois grupos", completa. Por um lado, o debate público a respeito é uma questão de guerra psicológica. Israel tenta, com isso, intimidar o Irã e forçar o Ocidente a tomar medidas mais sérias. Por outro lado, a discussão é sinal de falta de consenso: "Não há consenso nestas questões fundamentais", fala Ben-Dor.
Imponderabilidade de um ataque
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Na pior das hipóteses, analisa Ben-Dor, os ataques israelenses não atingiriam seus alvos, provocando, contudo, saldos negativos para Tel Aviv e terminando com um contra-ataque por parte do Irã. Não se sabe, por exemplo, quais seriam os danos de um ataque de mísseis iranianos a Israel. Outra possibilidade cogitada é a reação de organizações radicais islâmicas, financiadas pelo Irã.
Este foi um alerta feito pelo líder espiritual aiatolá Ali Khamenei, na última sexta-feira, frente à possibilidade de um ataque militar israelense ao país. Segundo ele, o Irã irá, no futuro, apoiar qualquer grupo que se oponha "ao regime sionista". Não há certezas a respeito da possível participação do Hisbolá no Líbano e do Hamas na Faixa de Gaza em uma operação de retaliação contra Israel.
Especulações sobre fogo aberto
Ali Khamenei |
No oeste do Afeganistão, uma região até agora relativamente tranquila, Teerã apoia os talibãs e outras milícias. "O Irã poderia transformar a guerra no Afeganistão, que já é difícil, em tarefa incontrolável", acredita Riedel. O preço do petróleo, que subiria assustadoramente, traria efeitos catastróficos à conjuntura mundial, que já se encontra frágil.
Os EUA já acentuaram que não excluem a possibilidade de um ataque ao Irã. Em recente entrevista, Obama afirmou: "Nos últimos anos, analisamos detalhadamente todas as opções que temos no Golfo. E estamos dispostos a implementar essas opções, caso necessário".
"Chegou a hora de atacar o Irã"
Ministro alemão da Defesa, Thomas de Maizière |
Com um ensaio intitulado "chegou a hora de atacar o Irã", ele "assustou os especialistas em Oriente Médio de Teerã a Tel Aviv", segundo a revista alemã Der Spiegel. Kroenig argumenta que uma solução diplomática é cada vez menos provável e que, por isso, a escolha se dê entre um Irã transformado em potência nuclear ou um ataque ao país. "São opções terríveis, mas acredito que um ataque militar seja o menos pior. Diante do fato de que os EUA são militarmente superiores, eles é que deveriam fazer isso e não Israel, caso nos decidamos por este caminho", disse o especialista.
Obama e Panetta já afirmaram perante lideranças israelenses, diversas vezes, que, no momento, são contra um ataque ao Irã, pois isso esvaziaria todos os esforços diplomáticos já feitos em prol de uma solução pacífica para o conflito. O governo alemão também defende uma postura de cautela. O ministro alemão da Defesa, Thomas de Maizière, alertou o governo israelense frente ao risco de "aventuras" neste sentido.
Henning Riecke, especialista em política nuclear da Sociedade Alemã de Política Externa, lembra que a segurança de Israel é prioridade para a Alemanha: "Se Israel atacar o Irã militarmente, a Alemanha não iria criticar", aponta Riecke. Caso haja um conflito armado na região, é possível que a Alemanha, como ocorreu na guerra do Líbano, em 2006, participe de uma missão internacional em prol da estabilidade na região.
Caso Bruce Riedel tenha razão, é possível que ainda demore um bom tempo até que se possa pensar em estabilidade. "Há uma possibilidade muito real de um conflito concreto, que se estende de Beirute até o Afeganistão. E de que os EUA sejam aqueles que irão carregar a responsabilidade de encerrá-lo", conclui.
Autor: Dennis Stute (sv)
Revisão: Roselaine Wandscheer
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